Qual o valor do seu empreendimento corroído pela burocracia? Já parou para pensar em quanto isso vale e como poderia ser melhor aplicado?

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Qual o valor do seu empreendimento corroído pela burocracia? Já parou para pensar em quanto isso vale e como poderia ser melhor aplicado?

Você já passou por isso? Demora na aprovação, dificuldade de saber de antemão quais os requisitos exigidos por cada Cartório de Imóveis ou mesmo mudança de leis no meio do seu processo de aprovação, te deixando confuso em que regras deverá seguir. Isso deixa tudo mais burocrático e corrói suas margens de retorno, além de tornar o produto mais caro para o cliente final. Será que existe alguma solução? Como podemos tornar as atividades do nosso mercado mais produtivas?

Em 2014, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em conjunto com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), fizeram um estudo com a antiga Booz&Co, atual Strategy&, tratando do custo adicional que a burocracia traz ao imóvel. É um estudo que já tem 3 anos, mas continua atual justamente por nada ter mudado.

A proposta do estudo foi analisar e identificar as principais barreiras burocráticas no segmento de Real Estate ao longo da linha do tempo dos empreendimentos, identificar o impacto financeiro potencial que a burocracia representa nos moldes atuais, sugerir algumas possibilidades de como podemos melhorar o ambiente de negócios para as empresas construtoras e, por fim, comparar com soluções adotadas em outras cidades brasileiras ou outros países.

  • principais barreiras burocráticas

As barreiras burocráticas levantadas foram divididas de acordo com o fluxo das etapas de uma incorporação e também conforme o tipo de empreendimento. Perceba que uma das atividades mais impactantes ao longo do ciclo imobiliário é justamente o licenciamento, da Prefeitura e a aquisição do Terreno, conforme detectado na tabela abaixo.

Dento do processo de licenciamento, as atividades mais impactadas são:

  • Para o Terreno > Plano Diretor e Zoneamento
  • Para o Licenciamento > Licença de instalação
  • Para a Aprovação do projeto > Integração entre órgão e legislações
  • identificar o impacto financeiro

Fazendo alguns estudos de cronograma de obra obtidos no estudo, estabeleceu-se a premissa abaixo: um cronograma típico e uma otimizada (ideal), possível em um cenário de melhorias operacionais e maior produtividade.

O impacto na margem de lucro que a burocracia traz aos empreendimentos imobiliários foi compilado e resultou nas tabelas abaixo:

Ou seja, a burocracia corrói – na base de Taxa Interna de Retorno (TIR) – 12% do Valor Geral de Venda (VGV) dos empreendimentos, tornando o produto final mais caro ao cliente das construtoras. Imagine que se você compra 1 apartamento de R$ 1 milhão, R$ 120 mil estão pagando pela ineficiência. Já daria para pagar boa parte dos custos de instalação do seu imóvel, não?

A estimativa da Strategy& em 2014 é que a ineficiência na cadeia imobiliária era tanta que, de um mercado anual de VGV de R$ 198 bilhões, R$ 19 bilhões eram destinados a pagar essa conta.

Para as empresas, é dinheiro que vai para a burocracia ao invés de virar lucro, novos empreendimentos, mais bônus e salários, recursos para treinamentos e desenvolvimento, mais atividade produtiva e recursos que façam a economia girar.

  • algumas possíveis soluções adotadas em outros locais do país e do mundo

Algumas iniciativas tomadas em outras cidades do país e do mundo e que poderiam ser adotadas em São Paulo:

Terceirização: engenheiros certificados que não são funcionários públicos emitem as licenças e fiscalizam as edificações. Em alguns casos, chegam até a competir com funcionários públicos em prol da produtividade.

One stop shop: diversas localidades permitem um processo único de aprovação em um único “balcão”, evitando que o desconhecimento por parte do proprietário atrapalhe-o na hora de descobrir quais são todos os órgãos por onde o seu processo deverá ser analisado.

Gestão dos funcionários através do estabelecimento de metas e incentivos + pagamento de seguros para custos jurídicos: estabelecimento de metas de produtividade com bonificação aos funcionários, além do pagamento das custas jurídicas em processos que questionem a conduta do funcionário público pelo próprio Poder Público (aqui em São Paulo é o próprio técnico que paga as custas jurídicas do próprio bolso caso ele sofra um processo jurídico, o que acaba tornando-o extremamente vulnerável.

Algumas iniciativas citadas no estudo que já estão sendo implementadas:

  • aprovação diferenciada para empreendimentos de Habitação de Interesse Social (HIS)
  • projeto simplificado, em que se analisam parâmetros construtivos e não o empreendimento no seu detalhe (já previsto no Código de Obras. Ver mais na matéria abaixo)

 

  • como podemos melhorar o ambiente de negócios para as empresas construtoras?

Algumas das soluções colocadas no estudo se embasam em algumas ideias centrais, tais como:

Integração de órgãos de aprovação: criar órgãos colegiados que analisem de forma integrada e única projetos complexos, cujo caminho de aprovação individual em cada órgão demandaria muito mais tempo do que seria no colegiado. Em São Paulo já temos algumas comissões e colegiados assim, tais como o CEUSO e CAIEPS, mas cuja existência não necessariamente traz maior agilidade à análise.

Terceirização de atividades: credenciar profissionais liberais que trabalhem fora dos órgãos públicos para analisarem, emitirem licenças e fiscalizarem as obras (e competirem entre si). Essa é uma das alternativas que julgamos mais interessantes, pois traria mais rapidamente empresas privadas para o jogo, deixando de exigir tão diretamente aumento de produtividade do Poder Público, que poderia ser responsável por fiscalizar somente esses agentes terceirizados.

Metas de desempenho: trazer maior profissionalismo, gestão e busca por resultados para a Gestão Pública. É uma das marcas da atual gestão municipal de São Paulo. Poderia se pensar em pagamento de bônus por produtividade (e qualidade de análise).

Informatização dos processos: processos físicos naturalmente exigem tempo de tramitação (colocar dentro dos carrinhos de supermercado, subir e descer andares, ser encaminhado às Prefeituras Regionais, por exemplo) e geram eventuais perdas. Já vimos diversas vezes histórias de empresas e pessoas cujos processos foram extraviados e não sabiam o que fazer. Fora isso, sempre que um process precisa ser tramitado (ir do 21º andar para 8º, por exemplo), exigem 2 dias úteis para chegarem ao órgão de destino e mais alguns até o técnico responsável.

Saiba que nós aqui na Lumattek atuamos justamente nos maiores gargalos citados como principais barreiras burocráticas ao início e final de processos. Para aquisição de terrenos: elaboramos estudos complexos de legislação de forma que você compre corretamente seus terrenos, sem incorrer em falhas de diagnóstico que geram perdas substanciais na negociação, distrato, tempo despendido. Comprado o terreno, auxiliamos incorporadoras e arquitetos a elaborar seus estudos de viabilidade técnica para otimizar o projeto, auxiliamos no registro das incorporações e por fim, na emissão dos certificados de conclusão.

Se você se interessa por uma iniciativa assim, junte-se a nós e vamos criar um movimento organizado para ajudar as prefeituras e empresas a melhorar o seu operacional, diminuindo retrabalhos e a burocracia.

Kenji Yagura

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